A Câmara de Comercialização de Energia (CCEE) demonstrou, no dia 10 de setembro, que o Brasil está na frente de outros países no retorno acelerado ao consumo de energia existente antes da pandemia.
O recuo apresentado no País é apenas 0,3% menor do que o mesmo período do ano anterior. Esse cenário tem relação com o abandono gradual das medidas de flexibilização adotadas pelos governos municipais, estaduais e federal.
Os países da Europa que decretaram ações duras para contenção da pandemia, como o lockdown, tiveram queda do consumo de 1% a 3% em base anual, de acordo com a CCEE.
No caso da Itália, o consumo estava 3% menor que o dos outros países no mês de fevereiro. Foi o primeiro país atingido de forma grave pela Covid-19 após a China.
Em outros países, como a França, a retração aponta 1% a menos do que o ano de 2019. Já na Espanha e Reino Unido, segundo a CCEE, a comparação anual em agosto apontou baixa de 2%.
Contudo, a situação brasileira em relação à pandemia segue sofrendo mais que os países europeus. Até o dia 9 de setembro, o Brasil estava atrás apenas da Índia e dos Estados Unidos e possuía 4,19 milhões de contaminações confirmadas, além de 128,5 mil mortos por Covid-19.
Enquanto, no dia 9 de setembro, o Reino Unido apresentou oito mortes, a Itália apresentou 14 vítimas, a França registrou 30 mortes e a Espanha teve 246 mortes em sete dias, o Brasil registrou 1.075 mortes no mesmo dia.
Indícios de reestabelecimento
É preciso lembrar também que os índices não desconsideram fatores, como a temperatura, para o cálculo do consumo. Ainda assim, o País demonstra grandes sinais de melhora, disse Rui Altieri, presidente do Conselho da CCEE.
Altieri destaca, em coletiva on-line, que sinais de recuperação existentes desde julho no setor elétrico ainda não chegaram ao setor de serviços, comércio e transporte, por exemplo. Porém, comparados com a retração no pico da pandemia, todos estão apresentando avanço.
A previsão é que todos os setores estejam caminhando juntos a partir de setembro e outubro. Também é preciso destacar que, com as temperaturas mais altas, há um consumo maior de energia.
No mês de abril, a energia caiu 12%, como consequência do início da quarentena. De acordo com a CCEE, desde então o cenário vem apresentando uma melhora gradual, sendo julho e agosto os meses com mais proximidade com o mesmo período de 2019.
Na comparação ano a ano, a estimativa é de que a carga de energia deva aumentar 0,5% em setembro, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), encarregado de administrar o acionamento de usinas de geração e o uso de linhas de transmissão para recepção da demanda.
Mesmo com o cenário favorável, a ajuda do governo brasileiro é solicitada pelas distribuidoras de energia, que apontam questões de liquidez, pois elas podem gerar risco de descumprimento dos compromissos no mercado, situação gerada pela retração de consumo e crescimento da inadimplência em meio à pandemia.
Em resolução do problema, R$ 15 bilhões para empréstimo foram liberados por grupo de bancos liderados pelo BNDS e pelos Ministérios de Minas e Energia e da Economia, com possibilidade de repasse dos custos de amortização às tarifas dos consumidores e prazo de cinco anos para quitação.
Além disso, para evitar altas tarifas para os consumidores durante a pandemia, o governo publicou neste mês a MP 998, que permite o emprego de recursos de fundos setoriais de pesquisa e eficiência energética par aliviar tarifas, principalmente das Regiões Nordeste e Norte.