Transferência de data dos leilões é vista como medida sensata

leilões de energia

Os agentes e o mercado receberam a notícia do adiamento dos leilões, pelo Diário Oficial, com tranquilidade. A alteração da portaria nº 134 do Ministério de Minas e Energia foi compreendida e vista como uma forma de evitar problemas com demanda retraída e câmbio, de acordo com PMO de abril. Agora, a expectativa é para a volta dos leilões no fim de 2020 ou começo de 2021.

O setor elétrico é composto por investimentos a longo prazo, por isso a notícia traz segurança e evita tanto a calibragem sem exatidão da demanda das distribuidoras quanto a grande chance de erro na precificação por conta de câmbio ou valores desvantajosos a longo prazo, de acordo com Bernardo Bezerra, diretor da consultoria PSR.

Mais um fator a ser levado em conta, enfatiza João Carlos Mello, presidente da Thymos Energia, é a dificuldade de mobilizar pessoas nesse período para preparar as ofertas do leilão. Sendo assim, com a medida cautelosa, é possível ter uma visão mais clara do futuro cenário em junho ou julho deste ano, com perspectiva do final do ano para a retomada das atividades.

Há a possibilidade de o leilão de energia ser realizável apenas em 2021. Se observada, a revisão quadrimestral indica rebaixamento de 0,9% da demanda em oposição ao crescimento de 4,2% em 2020. Existe um recuo de 3.500 MW médios ao ano até 2024. Segundo Bezerra, ainda é viável correr atrás desse ano sem leilões, em 2023, com o A-4, também com a contratação de energias baratas e limpas, como a eólica e solar, se houver demanda das distribuidoras.

Uma visão mais esperançosa aparece com Élbia Gannoum, presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica. De acordo com Élbia, o cenário atual não é de mudança do modelo de consumo, é apenas uma demanda reprimida pela crise. Portanto, assim que as circunstâncias retornarem à normalidade, a economia também retomará o seu ritmo. Dessa forma, a suspensão dos leilões foi uma decisão coerente, mas é necessária uma perspectiva de retorno.

Igualmente de acordo com a decisão tomada está o executivo da Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas, Xisto Vieira Filho. Mesmo com a expectativa com os leilões, é necessário que o cenário esteja otimista. Assim, foram enviados ao secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME, Reive Barros, apontamentos para que as ações regressem no fim do ano ou começo do próximo.

A retomada está possivelmente planejada para os meses de novembro e dezembro pelo MME. Bezerra e Mello afirmam que essa medida caberia no que já havia sido pensado anteriormente, fazendo apenas com que os leilões previstos durante o ano de 2020 fossem concentrados em um de maior extensão.

O presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Limpa, Charles Lenzi, afirma que a medida tomada está de acordo com o cenário e não faria sentido manter as decisões anteriores. Assim, a circunstância permite que o setor elétrico se reprograme e considere que os leilões serão necessários no futuro. 

O adiamento também foi considerado assertivo por Mario Miranda, presidente da Associação Brasileira das Grandes Transmissoras de Energia Elétrica, que acha necessário um leilão ainda no final do ano. O primeiro semestre seria para planejar um megaleilão, já que os investidores têm outras preocupações nesse período de pandemia.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Companhia de Energia Elétrica, Alexei Vivan, há inúmeros fatores que levam a suspensão a ser a melhor decisão a ser tomada nesse momento, como a ausência de demanda das distribuidoras e de interessados em infraestrutura. Muitos aspectos estão incertos e serão confirmados após a crise, já que grandes contingentes de equipamentos vêm da Ásia.

A demanda cai com a situação do Covid-19, como na Itália, com baixa de 20%, por isso a ação foi elogiada pelo presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral. Fernando Luiz Zancan aponta também para projetos que necessitavam de licenças e que têm grandes chances de disponibilidade com o futuro cenário.

O presidente do Fórum de Associações do Setor Elétrico, Mario Menel, elogiou a medida por ser de curto prazo, permitindo alterações necessárias em caso de mudança no contexto. Além disso, não há motivos para aumentar oferta se não há demanda. Toda a documentação dos certames já está adiantada. Assim, a melhora da situação possibilitará a volta dos leilões imediatamente.

Em relação à energia solar, o presidente-executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, Rodrigo Sauaia, afirma que o leilão A-4 demonstrava ser pouco atrativo, mas que o leilão A-6 era vantajoso e continua interessante para investidores, pois há uma demanda de anos.

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