Com foco em novos leilões, geração de energia com biomassa avança

Com foco em novos leilões, geração de energia com biomassa avança

Empresas de geração termelétrica à biomassa estão animadas após a contratação de cinco projetos em leilões realizados no início de julho de 2021. O foco está nos futuros leilões do mercado regulado de energia.

Em razão da redução de preços, a fonte recebeu destaque nos leilões A-3 e A-4 realizados em julho e há previsão de investimentos de R$ 600 milhões em novos projetos. De acordo com analistas do setor, a queda nos preços se deve à sólida competição entre as usinas habilitadas para concorrer e à baixa demanda das distribuidoras. O setor sucroenergético também vive um bom momento em consequência das altas dos preços do açúcar e etanol, o que favorece a competitividade da fonte.

Houve deságio de 39,5% sobre o preço-teto inicial para os projetos com início de operação previsto para 2024. A capacidade contratada passou de 91,14 megawatts (MW) para o preço médio de R$ 176 por megawatt-hora (MWh). No leilão A-4, cuja operação está prevista para 2025, o preço dos 92,5 MW contratados ficou na marca de R$ 196, ou seja, 32,87% abaixo dos preços máximos.

No leilão A-4, um dos contratos foi vencido pela Albioma. A companhia francesa irá operar a usina térmica Codora (GO), anexa a uma destilaria de açúcar orgânico do grupo Jalles Machado. Estão previstos investimentos de R$ 95 milhões no projeto de 10 MW.

O aumento da produção da destilaria Otávio Lage deverá alavancar as iniciativas para geração elétrica a partir de bagaço de cana e também utilizará a vinhaça para desenvolvimento do primeiro projeto de geração de eletricidade a partir de biogás do grupo Albioma no Brasil.

De acordo com o diretor da empresa no Brasil, Christiano Forman, caso surjam oportunidades, o potencial de investimento no País pode ser elevado. O executivo comenta: “Nossa abordagem para o Brasil é de longo prazo. Anunciamos em nosso último plano de investimentos anual um pacote de 400 milhões de euros, ainda temos espaço para investir bastante. Para isso, precisamos de contratação em leilões”.

O grupo francês também analisa mais um projeto para participação no leilão A-5, previsto para setembro. Existe a possibilidade de antecipação da entrega da usina, ante a crise hídrica vivida pelo País e que tem impacto na geração das hidrelétricas e resulta em uma maior necessidade de acionamento de termelétricas.

A Zilor, empresa que venceu no leilão A-3 contrato para a usina térmica Barra Grande 2 (SP), de 70 MW, também tem um projeto similar ao do grupo francês. Serão aplicados no projeto R$ 250 milhões em investimentos para duplicar a capacidade de geração de energia a partir da unidade agroindustrial do grupo.

O grupo paulista, no entanto, descarta a ideia de antecipar a entrada em operação da unidade. A empresa estuda outros dois projetos, ambos no Estado de São Paulo, com foco nos próximos leilões. O plano da Zilor é concorrer com o projeto de geração na Usina São José no leilão de setembro, enquanto o projeto da Usina Quatá vai tentar um contrato em 2022.

A Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen) acredita que há espaço para uma maior participação de empreendimentos à base de biomassa nos próximos leilões. A entidade avalia que o número de vencedores nos leilões A-3 e A-4 ficou aquém do potencial da fonte.

O diretor de tecnologia e regulação da Cogen, Leonardo Caio Filho, declara que “a contratação de um volume maior de energia das usinas à biomassa poderia dar mais equilíbrio ao sistema, ampliando a segurança energética. A cogeração à biomassa fornece ao sistema próximo aos pontos de consumo, com potência e qualidade, principalmente no período de safra”.

A biomassa é o complemento perfeito à geração hídrica, já que tem aumento da produção justamente nos períodos de seca, em que os reservatórios têm menor nível de armazenagem, de abril a novembro. De acordo com o presidente da Zilor, Fabiano Zillo, o acesso a financiamentos e a baixa nos juros são fatores que ampliam projetos de geração de biomassa e o interesse no setor sucroenergético. Segundo Zilo, “o interesse das usinas é modernizar seu parque, diversificar as receitas e reduzir a exposição às commodities, então faz todo sentido para o setor ter energia elétrica como receita”.

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